domingo, 5 de junho de 2011

Painel de textos sobre Bullying



Bullying: o exercício da intimidação
À menina magricela chamam de "Olívia Palito"; ao gordinho chamam de "baleia" ou "orca"; ao outro, que começou a usar óculos, chamam de "quatro-olhos" ou "nerd".
Será que não há lugar para o respeito pelas características e pelos sentimentos de cada um?

Bullying. Não tem a menor graça!

Você já foi alvo de gozação ou viu alguém sendo sacaneado constantemente? Não era brin­cadeira. Era o bulIying em ação

A palavra
Sem tradução para o português, bullying é toda agressão feita com a intenção de machucar outra pes­soa ou até uma turma inteira. Mas, pra ser considerado bullying de verdade, também é preciso que essa atitude agressiva se repita uma porção de vezes. Sabe aquele garoto que fica gozando do colega todo santo dia, fazendo piadinhas infelizes a respeito da orelha de abano do garoto? Pois essa atitude grosseira, repe­titiva, disfarçada de brincadeira, é o tal de bullying. Mas esse comportamento vai além dos apelidos mal­dosos. Ele também é uma característica de quem gosta de ofender, humilhar, discriminar, intimidar, enfim, de quem se diverte fazendo tudo o que faça uma menina (ou o menino) sofrer (veja mais exem­plos em "As faces da maldade").
[...]

Menino é diferente
A prática do bullying nem sempre é igual para meninos e meninas. Segundo Aramis Lopes, pediatra e coordenador do Programa de Redução do Comportamento Agressivo entre Estudantes, os garotos são mais explícitos. É comum ver meninos tiran­do sarro de alguém na frente de todo mundo. “Já a menina é educada para ser mais recata­da, discreta. Sendo assim, a estratégia delas é outra", explica o médico. É isso mesmo! A menina é mais sutil e vai, como se diz, "comendo pelas bordas". Uma fofoquinha aqui, uma esnobada ali e lá está ela colocando em prática sua maldade. "A princípio, elas são amigas. Mas, quando vai ver, uma garota já está sendo vítima de difamação e exclusão dentro de seu grupo", acrescenta Aramis.
Para esses casos, o especialista dá a melhor solução: trocar de turma. Afinal de contas, você é livre para ser amiga de quem bem entender e não tem nada a ver ficar atrás de meninas que só querem vê-la numa pior, não é mesmo?
Mas, quando o assunto é gozação na frente de todo mundo, como nos casos em que o cidadão grita um apelido infeliz pelos quatro cantos da escola, a pedagoga Karen Kaufmann Sacchetto [...] tem a saída: "Evite reforçar essa atitude. Tente ignorar o máximo que puder". E Aramis complementa: "Saia de perto, para a brincadeira não continuar e você não sofrer".

Contar ou não, eis a questão
E os pais, como ficam nessa história toda? "Se tiver coragem, conte a eles, pois podem ajudá-la", diz Karen. Porém o pediatra Aramis alerta: "Procure alguém de sua confiança, um colega, um professor, um funcionário da escola, ou seus pais e conte o que se passa com você. De preferência, os pais só devem interferir com o consentimento dos filhos". Se você estiver certa de que quer a ajuda de seus pais nessa luta, peça uma mãozinha. Do contrário, se tiver medo de que a situação piore, busque apenas o apoio deles, mas não desista de tentar se livrar desse sofrimento. Ficar quieta e aceitar todos os tipos de mal­dade é o comportamento mais incorreto. Muitas vezes, quando ficamos chateadas não há nada melhor do que o colo e os conselhos do pai e da mãe para nos dar um calorzinho no coração.
A diretoria da escola também pode ser avisada, principalmente em casos mais graves, como os de ameaça. [...]

As faces da maldade
Veja o que é considerado bullying pela Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção à Infância e à Adolescência (Abrapia):
# colocar apelidos - ofender - zoar - gozar - encarnar - sacanear - humilhar - fazer sofrer - discriminar - excluir - isolar – ignorar – intimidar - perseguir - assediar - aterrorizar – amedrontar - tiranizar - dominar - agredir - bater – chutar – empurrar – ferir – roubar - quebrar pertences
(Atrevida, nº 126)

Internet e celular viram armas entre adolescentes, escondidos no anonimato
Mensagens ofensivas que não param de chegar pelo tele­fone. Fotos em situações cons­trangedoras circulando pelo e-mail. Fofocas descabidas no Orkut. A geração celular-internet sabe bem que é preciso muito mais do que cuidado para escapar do ciber­bullying. "De uns três anos para cá, esse tipo de bullying come­çou a se tornar mais comum no Brasil", conta a pedagoga Cleo Fante. "Adolescentes se aprovei­tam das novas tecnologias para colocar fotos comprometedoras na rede, muitas vezes produzi­das por montagens, ou enlou­quecer as vítimas enviando men­sagens com conteúdo de baixo calão."
[...] No Brasil, não há pes­quisas em âmbito nacional sobre ciberbullying, mas na Ingla­terra estudos indicam que a cada quatro meninas, uma é vítima de ataques via celulares, afirma Fante. Pesquisa realizada nos Estados Unidos também demons­trou que 20% dos alunos de ensi­no fundamental são vítimas de ciberbullying. [...]
(Folha de S. Paulo, 04/06/2006.)

Brigada antibullying
Estudantes que odeiam a injustiça sofrida por colegas que são "zoados" todos os dias na sala de aula contam como os ajudam e o que fazem para evitar o problema
[...]
Eles formam uma brigada antibullying, com o objetivo de defender vítimas de agressores, oferecendo suporte moral e con­selhos sobre como elas devem agir, conversando com os autores da brincadeira sem graça e até mesmo comunicando à diretoria da escola casos mais graves.
"Penso assim: dê risada com o seu amigo e não dele", conta M. F. B., 16, estudante do ano do ensino médio do colégio Academia Horácio Berlinck, de Jaú, no inte­rior de São Paulo. Ela foi vítima de bullying quando tinha seis anos. "Sei como é ruim ser zoado e não gosto que fiquem fazendo isso com os outros." Para ela, a plateia que se forma dentro da classe para rir do bullying só incentiva a ati­tude. "Só tem palhaço porque tem gente que dá risada."
Na opinião de D. C. de F., 15, estudante do ano da escola municipal carioca Embaixador João Neves da Fontoura, quem se omite também está participando do bullying. "Os alunos ficam com medo ou vergonha de falar com um adulto. Então eles vão ao grêmio da escola ou chegam a mim para falar o que está acontecendo, para eu ajudá-los da melhor forma", conta D., que é conhecido na escola por ter sido presidente do grêmio.
"Aconselho o aluno vítima de bullying a nunca revidar, a nunca agir de forma violenta. Acho que muitas vezes a conversa com um colega funciona melhor do que a conversa com o diretor da escola ou com os pais dos alunos", afirma o estudante.
[...]                             (Folha de S. Paulo, 20/06/2005.)

.

Nenhum comentário: