quinta-feira, 29 de setembro de 2011

O Carneirinho do Presépio José Faria Nunes



O menino observa as pessoas que saem e volta-se para o presépio. Examina-o com interesse. Na missa ouviu que o reino dos céus é das crianças.
Tempestade mental. Se é das crianças o céu e viver no céu é ser feliz, então a felicidade é das crianças.
Olha o presépio. O boi. O carneirinho. Os astrônomos que foram chamados reis — os reis magos. A estrela. Tudo bonito. Tudo. Enamora-se. Bem que queria um desses. O carneirinho. Só o carneirinho. O Menino Jesus, esse não. Tem que ficar no presépio. Presépio sem Menino Jesus não é presépio. O carneirinho, esse sim. Há outros no presépio. Não tivera Natal em casa. Nunca. Não conhece Papai Noel. “Será que Papai Noel me conhece? Sabe de minha existência?”
Na sua frente, o carneirinho cresce, apequena, atrai. Por que o padre falou que o céu é das crianças?
Não ganhou brinquedo e quer o carneirinho. Será pecado? O que é pecado? Para que pecado? Se é verdade que Deus ama a gente, por que ele deixou a cobra dar a maçã para Eva e Eva para Adão para depois todo mundo ter pecado?
Ele quer o carneirinho. Todos já se foram. Ninguém vê. O Cristo, crucificado, parece dormir de cansaço e de dor na cruz, na parede, lá atrás do altar. Parece não se importar com nada ali na igreja. Coitadinho de Cristo. Sofreu muito. Mas por que, se ele é Deus? Ou ele é apenas o Filho de Deus? Se é filho não é pai e se Deus é pai não é filho?!
Coitadinho de Cristo! O padre falou que Cristo sofreu para o perdão dos pecados. Não sei não. Acho que Cristo não sofreu por mim não. Papai Noel não me conhece. Será que Cristo me conhece?!
Esfrega as mãos, nervoso. A decisão. Ergue o braço, mas o gesto fica suspenso no ar com a chegada do vigário que vem fechar a igreja. Para disfarçar a intenção, limpa com o dedinho o espelho que forma o lago nas proximidades da gruta de Belém. Por que presépio em forma de gruta? Cristo nasceu não foi num ranchinho, na estrebaria, casa de animais?
— O Sinhore vai fechá a igreja? — Pergunta ao padre que fecha a primeira porta.
— Estou fechando — Responde o padre, em seu sotaque de estrangeiro, não com aquele carinho com que falou na missa da meia-noite.
— O presepe tá bunito, né? — insiste o menino, tentando coragem para pedir o carneirinho.
— Você acha? — o padre fala indiferente e o menino entende que o vigário não está interessado naquele diálogo, quase monólogo.
— Acho — termina o menino, desconcertado, infeliz. Percebe que de nada adiantará insistir. Não vai ganhar o presente.
Absorto nos sonhos, fica a olhar o presépio sem nada ver.
“Como eu queria um carneirinho desse!”
E o vigário o acorda para a realidade:
— Vamos embora, dormir?
— Vamo.
Volta-se e ainda dirige um último olhar para o carneirinho do presépio, um ente querido que talvez jamais voltará a ver. O padre fecha a última porta e se vai.
O menino, agora com medo, corre debaixo da madrugada em direção ao aconchego que o espera debaixo da ponte, onde se juntará aos pais e aos cinco irmãos menores. Dormem. Não veem a fome, não sentem nenhum desejo. Enquanto dormem, os sentidos nada reclamam. Ele sonha com o presente de Natal que não ganhou: o carneirinho do presépio.

(José Faria Nunes. “O carneirinho do presépio.” em O conto brasileiro hoje. São Paulo: RG Editores, 2005. p.67-8)

Fonte da fotografia: http://singrandohorizontes.wordpress.com/2011/06/18/jose-faria-nunes-o-carneirinho-do-presepio/
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Este belíssimo conto sensibilizou a todos!
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segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Thaís Pessanha Felix - Melhores Crônicas - Projetos de Leitura.




C.E. 10 de Maio e as Melhores Crônicas - Projetos de Leitura.
Thaís - Turma - 902

Esta notícia deixou a turminha toda muito feliz!!!!!!!!

Crônica de Thaís Pessanha Felix,é selecionada e fará parte do livro "As Melhores Crônicas dos Projetos de Leitura" - Volume 3, que será lançado na 4ª Expo Literária de Sorocaba, em 20 de outubro de 2011.

Escolhidos os textos, a obra, que já está com a capa criada, passou por revisão e está em fase de diagramação. Veja os nomes dos alunos que tiveram os seus textos selecionados e entre eles, destacamos Thaís Pessanha Felix, aluna da professora Elizabeth Vitória Rezende - Colégio Estadual 10 de Maio - Itaperuna- RJ. Parabéns a todos! Ler é Bom, muito Bom!!!

Aluno e Professor
Amanda de Camargo dos Santos
Simone Loner
Ana Kathleen da Silva
Maria da Penha C. Mendonça
Brenda Karla de Campos
Gilvânia Rita Alves Moreira
Bruno Eduardo da Silva
Lizete Maria Pergher Delacosta
Daniela dos Reis Oliveira
Deuslene B. P. de Deus
Gabriela Gomes Dalessi
Gisele S. S. Rodrigues
Jacqueline Castro de Azevedo
Patrícia Daniela Martins Ramos
Jaqueline Alves de Assis
Patrícia de Souza
Jeferson Camilo Assunção
Tânia Maria Mandial Rosa
Karine Alice da Silva
Claudiana Maria da S. Lima
Leonardo Cassiano Lustosa Marques
Celina da Costa Santos Freitas
Loyes Lenne Dias da Silva
Maria José Ferreira Leite
Lucas Farias de Mesquita
Viviane Coser M. Rodrigues
Manuelina Reis e Silva
Andréia Pereira Flores
Miriã Almeida Soares Vieira
Adriana E. Gabriel
Rafaela Lima Nascimento
Joslaine Dias de Carvalho Sançon
Rafaela Matos Rodrigues de Araújo
Luzilene de Pina Bandeira Soares
Riqueli Maria Pereira da Silva
Josimara Deamatis
Sandro Eurico Nunes dos Santos
Marilza de L. Thomazini Stinguel
Tauany Louveira Marim
Juliane Carnoski Berlato
Thaís Pessanha Felix
Elizabeth Vitória Rezende

Thalia Marques da Costa
Marlete dos Reis Asperti
Thayná de Paula Pereira
Rosângela Meira Oliveira
Victória Tamasia Maes
Aline Rodrigues Rothenburg
Vitor Araújo Silva
Deusilene Vasconcelos Pereira
Vitória Assis Rejano
Rosamaria Ramos

link:
http://ecoarte.entregadordecampanhas.net/registra_clique.php?id=H%7c182076%7c61936%7c12466&url=http://www.projetosdeleitura.com.br/blog/


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Duas Irmãs - Conto Africano -

Há muito tempo, duas irmãs, Omelumma e Omeluka, adoravam brincar ao ar livre, rir e correr para todo lado. Certo dia, seus pais saíram para a feira que era um pouco longe de casa, e recomendaram: - Cuidado com os animais da terra e do mar, porque muitas pessoas já foram levadas pelos monstros. Fiquem dentro de casa e não façam muito barulho. Quando fizerem comida, acendam um fogo pequeno, para que a fumaça não atraia os animais. E, quando secarem os grãos, façam em silêncio, para que os monstros não ouçam.

Porém, disse o pai, o mais importante, é que não saiam para brincar com outras crianças. Fiquem dentro de casa. As duas concordaram com tudo. Acenaram em despedida quando os pais se afastaram.

Ficaram dentro de casa a manhã inteira, mas conforme as horas iam passando, aumentava a sensação de fome. Então, começaram a socar os grãos para fazer uma papa, e aquilo virou logo uma brincadeira. Elas riam e faziam muito barulho. Aí acenderam um grande fogo para que a comida ficasse pronta mais depressa, esquecendo-se da advertência dos pais.
Após comer até se fartar, as duas viram os amigos brincando no campo e foram correndo brincar com eles.

Enquanto brincavam, um rugido imenso saiu de dentro da mata e outro veio do mar, aparecendo muitos monstros que cercaram as crianças.

Aterrorizadas, as duas correram, mas foram separadas. Os monstros do mar carregaram Omelumma e os da terra Omeluka.
As duas pensaram, - se tivéssemos ouvido nossos pais. Agora seremos devoradas pelos monstros. Porém, eles não as devoraram, mas as venderam como escravas em lugares muito distantes de sua terra.

Omelumma foi escolhida por um homem, que comprou-a e casou-se com ela.
Omeluka, mais jovem, não teve a mesma sorte. Foi escolhida por um homem cruel, que a comprou, mas a fez de escrava, dando-lhe muitas tarefas dia e noite. Passado um tempo ele vendeu-a para um outro homem ainda pior do que ele que a maltratava ainda mais. Assim, passaram-se muitos anos.

Enquanto isso, Omelumma vivia confortavelmente com o marido e deu à luz seu primeiro filho, um menino. O marido foi ao mercado para encontrar uma escrava que pudesse ajudá-la nas tarefas com o bebê e a irmã, Omeluka, estava lá, para ser vendida.Assim, ele trouxe Omeluka para ser escrava da irmã, mas ela estava muito mudada, devido aos maus tratos que sofrera e Omelumma não reconheceu-a.

Todas as manhãs, Omelumma ia para o mercado e entregava o bebê aos cuidados da irmã, deixando também, muitas tarefas para serem realizadas.
Omeluka se desdobrava, mas era muito serviço. Quando ia buscar água ou
lenha, o bebê ficava em casa, todavia seu choro a trazia rapidamente de volta, e assim não trazia a lenha suficiente. A irmã quando chegava a surrava por não ter cumprido suas ordens, mas se ela deixava o bebê chorando, os vizinhos contavam e ela apanhava do mesmo jeito. Ela tentou levar o bebê quando ia pegar lenha, mas não deu certo, porque não conseguia fazer o serviço com ele no colo.

Certa tarde, o bebê só interrompeu o choro, quando ela o colocou no colo e o embalou suavemente. Uma vizinha aproximou-se perguntando por que ela não fazia suas tarefas. Ela ficou com medo de ser denunciada e voltou ao trabalho. Mas o bebê começou a chorar e ela não teve saída senão se sentar e começar a embalá-lo de novo. Não sabendo mais o que fazer, finalmente entoou uma canção:

Shsh, shsh, bebezinho, não chore mais
Nossa mãe nos disse para não fazer fogo grande,
Mas nós fizemos
Nossa mãe nos disse para não fazer barulho,
Mas nós fizemos.
Nosso pai nos disse para não brincar lá fora,
Mas nós brincamos.
Então os monstros do mato e do mar nos levaram embora,
Para muito longe, muito longe!
E onde pode a minha irmã estar?
Muito longe, muito longe!
Shsh, shsh, bebezinho não chore mais.

Uma velha que ouviu aquela cantiga, lembrou-se da história que Omelumma lhe contara, há muito tempo, sobre terem sido levadas pelos monstros do mar e da terra. Ela percebeu que a escrava devia ser a irmã de Omelumma, há tanto tempo sumida. Correu até o mercado para contar a novidade à Omelumma.

No dia seguinte, ela deu várias tarefas à irmã e em seguida saiu, para o mercado. Mas voltou em segredo e viu como a irmã corria de um lado para o outro tentando impedir o bebê de chorar enquanto fazia seu serviço. Finalmente a irmã sentou-se e começou a cantar a canção que a velha escutara.

Assim que Omelumma ouviu a canção, reconheceu que era sua irmã e, chorando de dor e remorso, chegou perto dela para pedir perdão.

As duas se abraçaram e choraram juntas. Em seguida Omelumma libertou a irmã, jurou nunca mais maltratar nenhum servo e quando o marido chegou também ficou muito feliz ao saber da novidade. Viveram depois disso, muito felizes.

Comentário:



Moral da história: nunca desobedeça seus pais, pois eles sempre estão com a razão.
Claudene Martins Genovez - 902

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Um amor não verdadeiro por Ingridy e Cássia

No dia 12 de junho de 2010, um amor nasceu. Era dia dos namorados, e Kamila foi ao parque que fica perto de sua casa. Então, ela conheceu um garoto que se chama Tales, que olhou para Kamila e se encantou, e pediu para ficar com ela. A menina não o queria no começo, mas como todas as suas amigas estavam insistindo ela ficou com ele, e naquele mesmo dia ele se apaixonou por ela.

Passaram alguns dias, ele começou a ir à igreja, que a jovem frequentava, e a pediu em namoro, mas ela não queria e inventou um monte de mentiras para Tales. Logo, ele descobriu as mentiras de Kamila e ficou revoltado com a jovem.

Ele então a sequestrou, e levou-a para um porão que havia embaixo de sua casa, e dizia: Se você não ficar comigo não vai ficar com mais ninguém .Kamila começou a discutir com Tales, falando que ele não tinha o direito de trancá-la.De repente, ele pegou uma faca que estava escondida e enfiou no próprio pescoço.

A menina se desesperou, começou a gritar, a mãe de Tales ouviu e foi ver o que estava acontecendo no porão. Chegando lá, viu seu filho caído no chão e sangrando,muito, rapidamente ligou para seu marido e ele levou o filho para o hospital.Os médicos operaram Tales , e ele sobreviveu. Kamila foi visitá-lo, e disse que estava muito arrependida.

Passaram alguns meses e eles começaram a namorar de verdade. Namoraram por dez meses, até que uma antiga namorada de Tales voltou a morar na cidade, e o sentimento que ele sentia por Kamila desapareceu. Tales terminou com a Kamila , e voltou para sua ex-namorada.

Muitas das vezes as pessoas confundem paixão com amor; não se deixem levar por qualquer coisa, por um impulso, porque atos impensados podem machucar pessoas.


Autoras: Ingridy Vieira e Cássia

Turma: 903

( Criando contos em duplas...)
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quinta-feira, 15 de setembro de 2011

A menina que não falava - Um Conto Africano

Certo dia, um rapaz viu uma rapariga muito bonita e apaixonou-se por ela. Como se queria casar com ela, no outro dia, foi ter com os pais da rapariga para tratar do assunto.

- Essa nossa filha não fala. Caso consigas fazê-la falar, podes casar com ela, responderam os pais da rapariga.

O rapaz aproximou-se da menina e começou a fazer-lhe várias perguntas, a contar coisas engraçadas, bem como a insultá-la, mas a miúda não chegou a rir e não pronunciou uma só palavra. O rapaz desistiu e foi-se embora.

Após este rapaz, seguiram-se outros pretendentes, alguns com muita fortuna mas, ninguém conseguiu fazê-la falar.

O último pretendente era um rapaz sujo, pobre e insignificante. Apareceu junto dos pais da rapariga dizendo que queria casar com ela, ao que os pais responderam:

- Se já várias pessoas apresentáveis e com muito dinheiro não conseguiram fazê-la falar, tu é que vais conseguir? Nem penses nisso!

O rapaz insistiu e pediu que o deixassem tentar a sorte. Por fim, os pais acederam.

O rapaz pediu à rapariga para irem à sua machamba, para esta o ajudar a sachar. A machamba estava carregada de muito milho e amendoim e o rapaz começou a sachá-los.

Depois de muito trabalho, a menina ao ver que o rapaz estava a acabar com os seus produtos, perguntou-lhe:

- O que estás a fazer?

O rapaz começou a rir e, por fim, disse para regressarem a casa para junto dos pais dela e acabarem de uma vez com a questão.
Quando aí chegaram, o rapaz contou o que se tinha passado na machamba. A questão foi discutida pelos anciãos da aldeia e organizou-se um grande casamento.

Conto tradicional de Moçambique
Enviado pelo aluno Lucas Vieira - Turma 903

Nota: Solicitei aos alunos do nono ano que pesquisassem diferentes contos e
os enviassem para serem compartilhados neste nosso espaço online.
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segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Vivendo e aprendendo...

“Tem coisas que o coração só fala para quem sabe escutar!" Chico Xavier

Antes de iniciar o meu escrito para esta edição, preciso agradecer o carinho que recebi de todos os leitores pelo artigo da edição passada, no qual falei sobre nossas queridas mamães. Obrigado por todas as palavras de incentivo, espero que continuem gostando!
Nesta edição quero falar de algo que está presente em nossas vidas há muito tempo, mas que só ganhou destaque nos últimos anos, e infelizmente, na maioria das vezes de forma deturpada.
Lembro como se fosse hoje, no auge dos meus seis anos de idade, estar sentado no pátio da escola com toda minha timidez, tendo que ouvir burburinhos e às vezes algazarras de onomatopéias indelicadas aos ouvidos de qualquer ser humano.
Lembro como se fosse hoje, passar por situações de conflitos, de dúvidas e da vontade que tinha de pegar uma pedra e jogar na cabeça de quem me importunava com a repúdia ao diferente, ao individual.
Lembro como se fosse hoje, das piadinhas sem graça que tinha de ouvir sobre meu comportamento em sala de aula por ser um aluno aplicado.
Enfim, lembro como se fosse hoje, que não tinha nenhum Chapolin Colorado para me salvar de tais agressões psicológicas e verbais.
Atos de violência física ou psicológica, intencionais e repetidos, praticados por um indivíduo ou por vários indivíduos que conseguem atingir pessoas sensíveis o bastante para não reagir da mesma forma, evitando assim, possíveis atitudes de violência física até a morte, acontecem a todo o tempo.
‘Ontem’ descobrimos que todas essas ações têm um nome e que esse, está solto na mídia como se fosse algo recente, de origem momentânea! Bullying, palavra difícil de pronunciar, do inglês bully, que tem como significado a expressão "valentão".
Segundo o blog Anti-Bullying (in IBOPE), de 5.482 alunos entre 5ª a 8ª séries de 11 escolas do Rio de Janeiro, mais de 40,5% admitem ter praticado ou ter sido vítimas de bullying.
O bullying, infelizmente, já atinge 45% dos estudantes de ensino fundamental do país, seja como agressor, vítima ou em ambas as posições. De 2.000 entrevistados, 49% estavam envolvidos com a prática, 22% eram vítimas, 15% agressores e 12% vítimas agressoras. Vale ressaltar que essa pesquisa foi realizada com crianças de 6 a 12 anos de idade.
O psicólogo José Augusto Pedra, fundador do Centro Multidisciplinar de Estudo do Bullying Escolar, alerta que: “A vítima precisa de cuidados e o agressor também. O agressor leva esse tipo de comportamento para o resto da vida, ele vai manifestar isso no ambiente de trabalho, na futura constituição familiar e reproduz na criação dos filhos”. Ele ressalta ainda, que existem alguns sintomas e atitudes que podem (vejam bem a entonação de possibilidade), diagnosticar os possíveis agressores e provocadores de bullying, como: ira intensa, ataques de fúria, irritabilidade extrema, impulsividade, poucos amigos e inquietude física.
Hoje reafirma-se o quão importante é a família estar presente na vida de uma criança que vive no universo infinito da informática, ao mesmo tempo que isolado, submerso num ‘mundo’ de informações, modelos e referenciais ruins.
Hoje constata-se a necessidade de dar mais atenção aos nossos pequeninos, com o intuito de libertá-los das transgressões maléficas que a convivência poderá lhe apresentar no dia-a-dia.
Hoje, constata-se que é indiscutivelmente importante observar como, onde e com quem está o seu filho.

A diferença do ontem para o hoje? É que tudo neste mundinho globalizado virou motivo de análise, de se procurar especialistas e diagnosticar como doença.
O fato é que todos nós estamos passíveis de cometer agressão, discriminação, humilhação, provocações e até apelidos aos que convivem conosco. Qual a diferença? Onde está o limite? Já dizia Fernando Pessoa: ‘Tudo são maneiras de ver... Onde você vê um motivo para se irritar, alguém vê a tragédia total e o outro vê uma prova para sua paciência’.
O fato é que atualmente as coisas estão sendo completamente deturpadas. Qualquer atitude fora da realidade de uma determinada criança é motivo desta mesma criança praticar e/ou sofrer a ação de bullying. Transformamos nossas crianças em peças raras, dando-lhes a oportunidade de encenar o ato que quiserem nos espetáculos da vida. Observamos todos os dias casos de crianças praticando atos de violência contra outras e justificamos essa atitude através da vivência histórico-familiar desse indivíduo. Justificamos alegando que esse indivíduo produziu tal ação, porque já sofreu outro tipo de ação semelhante.
O fato é que precisamos encarar a realidade como ela é. Na minha época, ao invés de buscar psicólogos, psiquiatras ou qualquer ajuda especializada, os pais tinham autonomia enquanto pais, enquanto educadores, enquanto responsáveis pela identidade dos seus filhos.
O que falta no mundo de hoje, não é buscar auxílio para as crianças, mas sim suporte para seus responsáveis assumirem o seu papel de autoridade diante destes. Lembro-me como se fosse hoje, que um olhar da minha mãe já me transmitia à noção do que eu podia ou não fazer. Mesmo sendo alvo de bullying durante minha infância e principalmente na minha adolescência, não sou um adulto complexado. Corrigir e dizer não, fazem parte do processo de educar um indivíduo.
Enfim, vale ressaltar, que transformar todas as ações negativas de ataque a um indivíduo, como prática de bullying, não resolverá o problema desse indivíduo enquanto um ser violento. É preciso mais do que isso. É preciso estabelecer limites, para que esses indivíduos tenham a noção do que é certo ou errado. Mesmo sendo difícil imaginar uma mudança em torno de tal comportamento nos dias atuais, nesta situação, faço minhas as palavras de Elisa Lucinda quando reafirma: “Sei que não dá pra mudar o começo, mas, se a gente quiser, vai dar pra mudar o final.” Pensem nisso!

Alex Soares
Professor, colunista do Jornal Macaé News e colaborador da Revista Estilo Off
E-mail alexsoarez@live.com
Blog http://poralexsoares.blogspot.com/
Site http://www.alexsoarez.com/

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sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Ser Jovem - Ártur da Távola

Ser jovem é não perder o encanto e o susto de qualquer espera. É sobretudo não ficar fixado nos padrões da própria formação. Ser jovem é ter abertura para o novo, na mesma medida do respeito ao imutável.
E acreditar um pouco na imortalidade em vida e querer a festa, o jogo, a brincadeira, a lua, o impossível, o distante. Ser jovem é ser bêbado de infinitos que terminam logo ali. Só pensar na morte de vez em quando. É não saber de nada e poder tudo.

Ser jovem é acordar, pelo menos de vez em quando, assobiando uma canção antes mesmo de escovar os dentes. Ser jovem é não dar bola para o síndico mas reconhecer que ele está na sua. É achar graça do riso, ter pena dos tristes e ficar ao lado das crianças.
Ser jovem é estar sempre aprendendo inglês, é gostar de cor, xarope, gengibirra e pastel de padaria. Ser jovem é não ter azia, é gostar de dormir e crer na mudança; é meter o dedo no bolo e lamber o glacê.

É cantar fora do tom, mastigar depressa e engolir devagar a fala do avô. É gostar de barca da Cantareira, carro velho e roupa sem amargura. É bater papo com a baiana, curtir o ônibus e detestar meia marrom.
Ser jovem é beber chuvas, ter estranhas, súbitas e inexplicáveis atrações. É temer o testemunho, detestar os solenes, duvidar das palavras. Ser jovem é não acreditar no que está pensando, exceto se o pensamento permanecer depois. É saber sorrir e alimentar secretas simpatias pelos crentes que cantam nas praças em semi- círculo, Bíblia na mão, sonho no coração.
É gostar de ler e tentar silêncios quase impossíveis. É acreditar no dia novo como obra de Deus. É ser metafísica sem ter metafísica. É curtir trem, alface fresquinha, cheiro de hortelã. É gostar de talco. Ser jovem é ter ódio de cachimbo, de bala jujuba, de manipulação, e ser usado.
Ser jovem é ser o único capaz de compreender a tia, de entender o reclamo da empregada e apoiar seu atraso. Ser jovem é continuar gostando de deitar na grama. É gostar de beijo, de pele, de olho. Ser jovem é não perder o hábito de se encabular. É ir para ser apresentado ("Já conhece fulano?") morrendo de medo.

Ser jovem é permanecer descobrindo. É querer ir à lua ou conhecer Finlândias, Escócias e praias adivinhadas. É sentir cheiros raríssimos: cheiro de férias, de mãe chegando em casa em dia de chuva, cheiro de festa, aipim, camisa nova, marcenaria ou toalha do clube.
Ser jovem é andar confiante como quem salta, se possível de mãos dadas com o ar. É ter coragem de nascer a cada dia e embrulhar as fossas no celofane do não faz mal. É acreditar em frases, pessoas, mitos, forças, sons, é crer no que não vale a pena mas ai da vida se assim não fosse.
É descobrir um belo que não conta. É recear as revelações e ir para casa com o gosto do silêncio amargo ou agridoce.
Ser jovem é ter a capacidade do perdão e andar com os olhos cheios de capim cheiroso. É ter tédios passageiros, amar a vida, ter pronta a palavra de compreensão. Ser jovem é lembrar pouco da infância por não precisar fazê-lo para suportar a vida.
Ser jovem é ser capaz de anestesias salvadoras.
Ser jovem é misturar tudo isso com a idade real, trinta, quarenta, cinqüenta, sessenta, setenta ou dezenove. É sempre abrir a porta com emoção. É esperar dos outros o que ainda não desistiu de querer. Ser jovem é viver em estado de fundo musical de super- produção da Metro. É abraçar esquinas, mundos, espaços, luzes, flores, livros, discos, cachorros e a menininha, com um profundo, aberto e incomensurável abraço feito de festa, cocada preta, dentes brancos e dedos tímidos, todos prontos para os desencontros da vida e com profunda e permanente vontade de SER.


Fonte:http://www.letraselivros.com.br/index.php?option=com_content&task=view&id=1190&Itemid=83

Crônica - Vídeo Imperdível!




quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Blog do Centro Interescolar de Agropecuária de Itaperuna.

Professor Zé Luiz cria um Blog para divulgar os textos de seus alunos do CIA.
A seguir fiquem com o texto de Ruana e depois é só seguir o link e conhecer o belo trabalho de toda esta galerinha animada e estudiosa!

Projeto Invenção do Conto - Ruana



A Super Girl
Era uma vez uma menina chamada Shimeny. Ela tinha o sonho de ser uma super heroína, mas ela sabia que esse sonho nunca se tornaria realidade. Mas ela não desistia; vivia a brincar correndo pelos campos fingindo ser 'A super Shimeny'
Até que um belo dia ela recebeu uma carta que veio de um lugar muito distante dali, a carta dizia:

Minha querida Shimeny, tenho como dever, na condição de rainha do reino encantado, informa-lhe que será nomeada a Super Girl. Você terá como obrigação guardar e proteger o meu tesouro que está escondido no sub-solo de sua casa.
Beijos e até a próxima!

Shimeny ficou muito entusiasmada e ficava falando pra todo mundo que era a Super Girl. Ninguém entendia nada, principalmente sua mãe. Toda noite ela vestia uma roupa muito engraçada e ficava dando voltas em volta da casa. Sua mãe ficava olhando e rindo. Até que um dia de manhã chegou um monte de carruagens cheias de gente bem vestida, procurando a Super Girl. Sua mãe, mais uma vez, não entendeu nada. Eles tinham vindo buscar a Super Girl e o tesouro que ela protegia.
A mãe ficou ali, parada, vendo sua filha indo embora com aquela gente que ela nunca tinha visto e ficou totalmente sem reação.

Fonte:http://autoresdaliberdade.blogspot.com/