segunda-feira, 6 de junho de 2011

Bullying: na vida de adolescentes. Por Sandra Valeriote

 

Nessa atualidade eis que surge mais uma nova palavra para nós, cujo idioma é a língua portuguesa – Bullying.
Da minha parte, ao ver a campanha criada contra o bullying, pergunto eu: o que é bullying afinal de contas?
Não diferente de milhares de outras pessoas sigo a pesquisar no google para descobrir.
Assim, descubro que o
bullying representa situações que na minha época da adolescência existia de forma igual – só não havia nome para definir, e, muito menos campanha para combater. Pois é, novos tempos!

Mas, detalhes sobre o significado do
bullying fez despertar minha atenção para algo que somente a passagem do tempo nos mostra. Ou seja, muito do que li sobre a prática do bullying me fez lembrar da minha adolescência, principalmente, no colégio: lembrei que acontecia o bullying; lembrei de quem tinha por hábito praticar o bullying (não no sentido mais cruel); lembrei de quem era vítima do bullying etc.
O que acabou mexendo comigo, ao reviver tais lembranças, é saber que justamente os meus colegas (dois: para ser mais exata) que tinham a auto-estima mais elevada (uma característica dos bullies); que eram os que mais implicavam com todos: apelidando, passando trotes, etc; justamente esses meus dois colegas vieram a falecer depois de adultos (na faixa etária dos trinta e poucos anos).
Como a vida, depois do colégio, encaminha cada um para o seu canto, é muito estranho quando a notícia chega sobre a morte (cedo) de uma pessoa cujas lembranças são apenas de que tinham uma auto-estima muito elevada; de que eram brincalhões; corajosos; implicantes etc.
Então vem a questão: “fulano” morreu? Morreu de quê? E aí vem a surpresa do motivo: havia problema de depressão; havia uso de drogas.

Lembro-me direitinho de um desses meus colegas, quando certa vez, dentro da sala de aula, gritou:
- A Sandra (no caso eu) ainda não tem apelido.
Quando escutei aquilo pensei: “xiiii... agora sobrou pra mim”. - o sobrou pra mim significa que ninguém quer ser mira desses “mais levados”.
Então, naquele momento, todos os alunos se voltaram para mim, meio que para identificar um apelido. Mas, ele mesmo criou o tal apelido e gritou para a turma toda ouvir (...) Foi um apelido muito dos sem graça, a turma toda caiu na gargalhada, e eu lá, a mira da vez - apelidada, entrei junto na gargalhada.

Agora, novos tempos, e, eis que surge campanha contra o
bullying orientando para que quem esteja sendo vítima de bullies denunciar. Essa campanha, pelo que entendi, está sendo promovida por já ter acontecido alguns casos irreversíveis - assim sendo, evitar outros.
Mas tenha atenção para não se criar tempestade num copo d´água com situações que significa apenas o sentido do viver em sociedade, cujo início se dá justamente no colégio quando começa o convívio com as diferenças sociais e culturais.

No mais, a quem receber denúncia, tente não olhar apenas a dor de quem está se dizendo vítima. Tente, também, olhar para quem vem praticando o
bullying. Pois, possivelmente, uma auto-estima elevada (ultrapassando o sentido normal), num adolescente, seja um jeito encontrado para esconder sérios conflitos. Ou seja, eles se demonstram tão bem resolvidos, que para eles é dado pouca, ou nenhuma atenção; chegando mesmo até a faltar carinho.
Enfim, talvez, o adolescente que pratica o bullying seja o que menos tenha coragem de falar sobre suas dores: pais intolerantes e incompreensíveis demais; pais ausentes demais; sexualidade etc.
Publicado em 29 de junho de 2010 - Jornada - Sandra Valeriote
Conheça mais um pouco sobre Sandra Valeriote através de seu Blog:


http://sv-jornada.blogspot.com/
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2 comentários:

sandra valeriote disse...

Queridos, saibam que por várias vezes vivi momentos de alegria através dos meus blogs, por perceber que pude colaborar de alguma forma para o bem. Mas, foram poucas as vezes que senti emoção (a emoção que toca a alma) como a que estou sentindo agora, ao perceber que um assunto meu seguiu justamente para um ponto exato, e será refletido: nesse caso, a ESCOLA.
Lembrei-me aqui de um pensamento que utilizei dias atrás que pode colaborar para a reflexão sobre esse assunto:
"Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, por sua origem ou ainda por sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender. E, se podem aprender a odiar, podem ser ensinadas a AMAR." Nelson Mandela
Então, será que aqueles que estão cometendo o bullyng não vêm sendo ensinados a odiar? Para ser mais exata: será que pais não carregam consigo arrogância demais de que sabem educar? E, em vários casos, tornam-se assim os principais responsáveis pelas agressões que passam a existir em algumas crianças/adolescentes?
Bem, não entendo sobre mente humana, mas não acredito que um ser humano nasça para ser do mal. Aliás, o que acredito é que são as circunstâncias que constroem a maldade dentro de um coração humano. E tais circunstâncias, lamentavelmente, precisam ser aceitas que em sua maioria começam dentro do próprio lar.
Vou deixar-lhes um exemplo que aconteceu comigo mesma. Certa vez conversava com um senhor (muito culto) quando minha filha, pequenina, chegou perto de mim e mostrou um exercício escolar que havia sido feito e estava errado. No momento que vi o erro a chamei de burra; aí mostrei como fazia e ela se afastou. Logo que ela se afastou o senhor que conversava comigo disse-me: “o que você fez de chamar sua filha de burra me magoou, não faça mais isso, pois será pior para você”. Confesso que no momento, o que ele disse me deixou irritada (por dentro), e lembro-me que pensei: ‘eu sei muito bem educar minha filha’. Pois bem. Com o passar do tempo, por sempre ter tido o hábito de ler muito, encontrei várias informações sobre o quanto devemos saber respeitar nossos filhos. Assim identifiquei que ser mãe não é saber ser uma educadora (como a minha tola arrogância pensou no momento que aquele senhor me corrigiu), para ser mãe e uma educadora é preciso ter humildade de ouvir aqueles que estão cheios de sabedoria dentro de si – sabedoria que provém de Deus; de muitos estudos/muita cultura. Para ser mãe e uma educadora é preciso aceitar o ser flexível.
Enfim, sei que o tempo passa, a época do colégio fica para trás, e pode parecer merecido que os que cometem o bullyng sejam castigados pela vida, mas acredito que Deus deseja é a salvação para todos os seus filhos. Então que sejam confortadas as crianças que sofrem com o bullyng, mas que sejam olhados as que cometem o bullyng – pois, possivelmente, deve ter quem esteja maltratando o coração desses.
Desculpa ter prolongado o assunto, a emoção veio mesmo forte :)
Obrigada!

A esse novo blog: desejo muita sorte, pois como diz sempre um querido amigo meu: "o bom é ter esperança!" E por certo um trabalho assim apresenta a esperança dentro dos corações dessa juventude linda. Além, olhar para essa juventude é ver o futuro, e nesse caso, como é bom ver um futuro que acontecerá com jovens cheios de esperanças. ;)
Beijinhos

Beth disse...

Sandra, querida...
Obrigada pelo carinho e atenção!
Você é mesmo especial!
Abraços
Beth e Turma 1005